Elevador quebrado deixa aluna em cadeira de rodas sem aulas há três meses em escola estadual de Campinas
10/06/2025
(Foto: Reprodução) Mãe denunciou abandono e falta de acessibilidade na Escola Estadual Élcio Antônio Selmi, no Residencial Cosmos. Secretaria de Estado da Educação promete apuração e transferência de escola. Elevador quebrado deixa estudante cadeirante sem aulas desde março, em Campinas
Uma aluna de 6 anos que usa cadeira de rodas está sem acesso à sala de aula desde março, devido ao elevador quebrado na Escola Estadual Professor Élcio Antônio Selmi, no Residencial Cosmos, em Campinas (SP). O equipamento está inoperante desde janeiro.
Segundo a mãe, Ana Beatriz Amaral, ao realizar a matrícula da filha em março, a direção da escola informou que o elevador estava quebrado desde janeiro, mas que já havia sido solicitado o conserto. A promessa, no entanto, nunca saiu do papel.
"É um direito dela e ela está perdendo aula. É uma criança muito inteligente e faz seis meses que está em casa. Eu sinto que o direito dela está sendo negado", lamenta a mãe.
Segundo a mãe, a empresa responsável pelo conserto chegou a ir até a escola no início do ano e fez o diagnóstico, mas o conserto não aconteceu.
A direção da escola informa que não há previsão para que a situação seja resolvida.
📲 Participe do canal do g1 Campinas no WhatsApp
Ana Beatriz chegou a pedir à escola que as aulas fossem transferidas para o andar térreo, mas não obteve resposta.
Funcionários da unidade de ensino procurados pela EPTV, afiliada TV Globo, informaram que não há salas de aula no térreo.
A mãe Ana Beatriz Amaral só conseguiu contato com a direção da escola nesta terça (10).
Reprodução: EPTV
Levar no colo
Somente nesta terça-feira (10), após denunciar o caso, Ana conseguiu conversar com a direção. A solução apresentada foi que a mãe subisse as escadas com a menina no colo, para que a criança tivesse acesso à sala de aula - saída que até então nunca havia sido mencionada.
Além da filha de Ana Beatriz, a direção da escola afirma que outra estudante do 2º ano também está sem frequentar as aulas pelo mesmo motivo.
Além da falta de acessibilidade, a escola também não dispõe de cuidadora para acompanhar a aluna, outra exigência legal ainda não cumprida.
De acordo com a Lei Brasileira de Inclusão, também chamada de Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei 13.146/2015), que entrou em vigor em 2016, as Instituições de ensino devem ter em seu corpo de funcionários um profissional de apoio exerça atividades de alimentação, higiene e locomoção do estudante com deficiência e atua em todas as atividades escolares nas quais se fizer necessária.
O que diz a Secretaria de Educação?
Em nota, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP) informou que a Diretoria de Ensino de Campinas Oeste abriu uma apuração preliminar para investigar a conduta da gestão escolar.
Além disso, a Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE) informou que realizará uma vistoria para verificar as condições do elevador, que está inoperante desde janeiro "devido à falta de peças originais", e elaborará o orçamento dos serviços necessários.
Ainda segundo a nota, a pasta afirmou que as alunas afetadas serão transferidas para uma escola com acessibilidade, apoio profissional e, se necessário, transporte escolar e afirmou que todo o conteúdo perdido será reposto, seguindo acordo com as responsáveis pelas alunas.
No entanto, ainda não há detalhes de para quais escolas ou como o conteúdo de três meses será reposto.
LEIA TAMBÉM
Ser Acessível: entenda como atitudes comuns no dia a dia são capacitistas e impedem a inclusão
Ser Acessível: entenda barreiras que impedem inclusão escolar e conheça histórias de famílias que enfrentam impactos da exclusão
Elevador quebrado deixa estudante cadeirante sem aulas desde março, em Campinas
VÍDEOS: Tudo sobre Campinas e região
Veja mais notícias da região no g1 Campinas